A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta crescimento de 1,2% para a economia brasileira em 2022. De acordo com o Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, esse é o cenário-base, há ainda um cenário pessimista e outro otimista. Segundo ele, para a estimativa se consolidar, espera-se a superação parcial de problemas conjunturais, como inflação, emprego e normalização das cadeias globais de valor a partir do se gundo semestre do ano.
A previsão consta do documento Economia Brasileira: 2021-2022, divulgado esta semana, com balanço da economia e previsões para o ano que vem. “A atividade econômica também deve se beneficiar da normalização da demanda por serviços prestados às famílias, que ainda está abaixo do nível pré-pandemia, e alguns setores industriais, principalmente aqueles ligados a investimentos, como a cadeia da construção civil e de bens de capital, as quais ainda devem ter o nível de produção impulsionado por pedidos e projetos provenientes de 2021”, explica Andrade.
O presidente da CNI avalia que é importante a redução do Custo Brasil, que é fundamental para o setor produtivo, que segue engessado por problemas estruturais. “Em primeiro lugar, precisamos aprovar a PEC 110, que promove uma reforma tributária ampla e vai simplificar e corrigir as distorções do sistema de arrecadação de impostos. Devemos, ainda, modernizar e ampliar a infraestrutura. Com custos competitivos, poderemos receber investimentos de empresas que querem diversificar a rede de fornecedores”, ressalta.
Além disso, o executivo destaca que o Brasil necessita de medidas que melhorem o ambiente de negócios e promovam a inserção internacional das empresas, além de políticas para atrair investimentos produtivos vinculados às cadeias globais de valor. “É indispensável eliminar a cumulatividade do sistema tributário e reduzir as despesas com logística e energia, para mudarmos a rota de baixo crescimento da última década”, afirma. Além disso, a reforma administrativa e a regulamentação do teto remuneratório do funcionalismo público são medidas importantes para contribuir com o equilíbrio fiscal. No cenário pessimista, a previsão é de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 de 0,3% e, no cenário otimista, o Brasil crescerá 1,8%.
Para o encerramento de 2021, a CNI calcula alta de 4,7% do PIB do Brasil. A estimativa é menor do que o esperado no início do ano, devido às constantes quedas na indústria ocorridas no segundo semestre. De acordo Andrade, a expansão do PIB neste ano reverte a queda de 2020, mas o resultado não significa que os problemas acentuados pela crise e os desafios estruturais do País tenham sido superados. Há perda de ritmo da atividade econômica e as perspectivas para o próximo ano não são muito animadoras. “A inflação elevada, com consequentes altas nas taxas de juros, o alto endividamento das famílias, o desemprego, a escassez de insumos e matérias-primas e os custos de energia em elevação são fatores conjunturais desfavoráveis. Além disso, ainda há incertezas sobre o andamento da pandemia e o temor de algum retrocesso, como ocorre atualmente na Europa”, finaliza.