A Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), acaba de divulgar os resultados do Termômetro Anamaco Sebrae de janeiro, estudo realizado, com exclusividade, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) para a entidade.
De acordo com os dados apurados, no primeiro mês de 2022, as vendas no varejo de material de construção foram menores do que o esperado. Historicamente, devido a fatores sazonais - período pós-festas de final de ano e chuvas -, a demanda setorial é mais fraca em janeiro. E este ano não foi diferente.
O levantamento aponta a queda nas indicações de alta nas vendas, que passaram de 22% para 15% das respostas obtidas na pesquisa junto aos lojistas. Embora a retração fosse esperada, esse indicador ficou bem abaixo do registrado em janeiro de 2021, quando atingiu a marca de 33%.
Outra comparação, revelada pela pesquisa, é o diferencial entre assinalações de crescimento e de queda nas vendas. Em dezembro, esse indicador chegou a -34 pontos, recorde da série histórica iniciada em junho de 2020. Em janeiro de 2021, essa diferença era de apenas três pontos percentuais. Com isso, o indicador Anamaco de vendas correntes atingiu a marca de 66 pontos (100 denota neutralidade e número abaixo, pessimismo), com queda de 18 pontos frente a dezembro passado e de 31 pontos sobre janeiro de 2021.
Nesse cenário, considerando as lojas por especialidade, os mais pessimistas foram os estabelecimentos generalistas, com apenas 9% de assinalações de alta no mês e 61% de queda nas vendas. Na outra ponta, os menos pessimistas foram os de material elétrico: 26% de respostas otimistas contra 35% de pessimistas. Na análise número de funcionários, em nenhuma categoria as indicações de alta em janeiro atingiram 20%.
O estudo revela, ainda, que as expectativas para os próximos três meses mantiveram o padrão otimista típico dos meses entre fevereiro e abril, quando ocorre a recuperação sazonal do varejo em geral. Os resultados também foram parecidos com os registrados em janeiro de 2021, com forte predominância das assinalações otimistas que superaram a metade das respostas da pesquisa, tanto no mês passado quanto em janeiro de 2021.
Os indicadores-síntese de percepção do varejo de material de construção mostram o movimento em sentidos opostos, ampliando a divergência já registrada em dezembro. Assim, a piora na percepção relativa a janeiro não está afetando o volume esperado de vendas para os próximos meses.
De acordo com as entidades, é possível sugerir que a terceira onda de Covid-19, paralela ao avanço da cobertura vacinal da população, esteja gerando um sentimento no varejo de que “o pior já passou”. E esse sentimento pode estar sendo potencializado pelo pagamento do Auxílio Brasil, que deverá ocorrer nos próximos meses.
Essa interpretação, segundo o levantamento, é reforçada pelas expectativas dos varejistas quanto às ações do governo nos três meses à frente. As assinalações otimistas permaneceram elevadas em janeiro, superando a metade das respostas (51%), com leve oscilação na comparação com dezembro (52%). Em janeiro de 2021, esse indicador era de 46%. A diferença com o percentual de assinalações pessimistas também permaneceu elevada: 31 pontos percentuais no mês passado contra 32 em dezembro. Em janeiro de 2021, esse indicador foi de apenas 19 pontos.