De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) recuou 0,5% em fevereiro, descontados os efeitos sazonais, o que representa o terceiro resultado negativo consecutivo. Apesar da retração, alcançou o maior nível de satisfação para fevereiro desde 2015 e variação anual positiva, revelando recuperação em relação aos anos anteriores. Por outro lado, houve desaceleração no crescimento anual (+10,4%), tendência iniciada em setembro do ano passado.
A pesquisa indica que todos os componentes sentiram esse movimento, no entanto, o Momento para Duráveis sofreu a maior redução na sua taxa, apesar de continuar apresentando o maior avanço anual de fevereiro (+34,1%). Na análise mensal, esse item obteve a segunda maior queda (-1,1%), devido a um aumento na proporção de famílias que consideram um mau momento para compra desses bens, uma reversão em relação à tendência de queda apresentada desde agosto de 2022.
Apesar das melhores taxas de juros, o saldo da carteira de crédito das pessoas físicas vem desacelerando em relação aos resultados do ano passado, mostrando menor procura por esses recursos.
O fato de o Acesso ao Crédito ter obtido o menor crescimento em relação a fevereiro do ano passado e taxa mensal negativa pelo terceiro mês corrobora a percepção de que o efeito positivo da redução dos juros vem se esgotando no aquecimento do consumo.
Nesse cenário, a Renda Atual foi a única análise com avanço mensal (+0,3%), com taxa ainda mais intensa do que em dezembro/2023 e janeiro/2024, enquanto a Perspectiva Profissional vem apresentando queda desde agosto de 2023, tendo em fevereiro deste ano a maior taxa negativa mensal (-1,6%).
Com as famílias mais atentas com sua inadimplência, a renda real mais favorável e o crédito mais baratos não foram suficientes para incentivar o comércio. Com isso, o Consumo Atual foi reduziu pelo terceiro mês consecutivo.
A Perspectiva de Consumo também apresentou queda, entretanto, o subindicador permanece acima do observado no Consumo Atual e do nível de satisfação, com 109,7 pontos. O estudo revela que as proporções das famílias que pretendem aumentar e reduzir o consumo nos próximos meses vêm caindo há dois meses, com avanço daquelas que não devem alterar seu nível de consumo. Deve-se observar que a maior parcela (39,7%) ainda corresponde à intenção de um consumo maior.