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A construção civil em 2015



O ano de 2014 foi frustrante para a maioria da indústria de materiais de construção. Na média da indústria o faturamento, descontada a inflação, será 4 a 5% menor que em 2013. O que aconteceu de errado, já que nos últimos anos o crescimento do setor foi bem acima do PIB da economia? As vendas para o varejo são dependentes da renda e emprego e do crédito. Renda e emprego ainda estiveram bem em 2014, mas o crédito foi muito prejudicado pela política restritiva dos bancos e pelo aumento dos juros. O pessimismo generalizado com a economia afetou os planos de investimento, assim como a compra da casa própria pelas famílias. As obras públicas de infraestrutura, embora com as dificuldades de demora nas licenças, imprevisibilidade de desembolso, problemas com projetos, ainda caminharam razoavelmente.

O clima de expectativa se reduziu com o resultado das urnas e a definição da equipe econômica. Mas o retorno da confiança virá aos poucos com as primeiras medidas. Com confiança o empresário começa a repensar os investimentos. Outro fator que pode ajudar a indústria em 2015 é uma taxa mais realista do câmbio. Há sinais que ela permanecerá nos níveis de R$ 2,50 a R,55/US$ até o final de 2014 e mais próximo de R$ 2,70/US$ em 2015. Com essas taxas, uma boa parte das importações de materiais de construção será retomada pela indústria nacional e, como bônus, aumentarão as exportações, que hoje estão menores que em 2007. O Minha Casa deverá ser bastante incrementado. Hoje o programa é responsável por cerca de 7% da venda de materiais e a perspectiva de construir três milhões de moradias nos próximos quatro anos é muito animadora. É possível imaginar um cenário ligeiramente melhor para a indústria de materiais em 2015, embora longe de atingir as taxas de crescimento que o setor necessita para retomar o importante papel que desempenhou na economia nos últimos anos.

Walter Cover
Presidente executivo da ABRAMAT
abramat@abramat.org.br