Após 14 semanas consecutivas em alta, a previsão dos analistas de mercado para a inflação neste ano cedeu, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central (BC). Ao mesmo tempo, a previsão para o desempenho da economia parou de piorar depois das mesmas 14 semanas.
Os analistas acreditam agora que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine o ano com alta de 8,13%, em vez dos 8,20% estimados na semana anterior. A projeção para 12 meses à frente também suavizou, de 6,11% para 5,99%. É a primeira vez que o mercado vê a inflação em 12 meses abaixo de 6% desde julho do ano passado. A aposta para 2016, contudo, permanece em 5,60%, longe, portanto, da meta de 4,5% perseguida pelo BC.
A revisão no Focus ocorre após a divulgação do IPCA de março, na quarta-feira passada, de 1,32% de aumento, um pouco menos que o 1,38% esperado. Esta, contudo, foi a maior variação para o mês desde 1995, quando teve elevação de 1,55%. Em 12 meses, o índice oficial de inflação brasileiro subiu 8,13%, a maior alta nesta comparação desde dezembro de 2 003.
Como contraponto à melhora da percepção do mercado em geral com relação aos preços, os analistas Top 5 - aqueles que mais acertam as previsões - veem um cenário mais deteriorado. A mediana de médio prazo de suas previsões para o IPCA neste ano teve forte alta, de 8,44% para 8,73% e, para 2016, de 5,64% para 6,40%. Esses analistas também veem um dólar mais valorizado ao fim deste ano. Eles elevaram suas estimativas de R$ 3,32 para R$ 3,40, enquanto o mercado em geral manteve a aposta de R$ 3,25.
Quanto aos juros, a mediana para a Selic seguiu em 13,25% neste ano e em 12% ao fim de 2016. Entre os Top 5, a aposta baixou de 13,75% para 13,50% neste ano e seguiu em 12% no fim do próximo período.
As estimativas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano pararam de piorar e seguiram em queda de 1,01%. Para 2016, a previsão para a atividade foi revisada para baixo, de crescimento de 1,10% para 1%.
No caso da produção industrial, a estimativa saiu de queda de 2,64% para recuo de 2,50% em 2015 e seguiu em aumento de 1,50% em 2016.
O boletim Focus trouxe ainda que a expectativa para o superávit primário de 2015 está aquém da “meta” do governo, de 1,2% do PIB, mas se estabilizou em 0,9%. Para 2016, a projeção saiu de 1,8% para 1,75% no fim de março e de 1,75% para 1,7% no início de abril.
Fonte: Valor econômico