De acordo com a Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os efeitos causados pela pandemia de coronavírus sobre a indústria se intensificaram em abril e se disseminaram, ainda mais, entre as empresas, de forma que a atividade industrial registrou nova contração.
Segundo o estudo, mais da metade da capacidade instalada da indústria ficou ociosa em abril e os efeitos da queda da atividade sobre o emprego, que em março já se faziam presentes, se intensificaram. As expectativas melhoraram ligeiramente de forma geral (exceto a expectativa quanto a quantidade exportada), mas seguem mostrando significativo pessimismo do empresário para os próximos seis meses, com queda de demanda, exportações, compras de matérias-primas e número de empregados. A intenção de investir segue baixa.
Prejudicada pela crise, o nível de produção e o número de empregados registraram quedas de uma intensidade e disseminação nunca registradas nas séries mensais desses índices. O índice de evolução da produção situa-se em 26 pontos, 24 pontos abaixo da linha divisória de 50 pontos que separa queda e crescimento da produção.
Vale ressaltar que, em março, o índice havia registrado o menor valor da série até então e, em abril, alcançou novo piso da série. Ou seja, a queda de intensidade e disseminação recordes de abril se dá após o recorde anterior, apurado em março. O número de empregados também registrou forte queda em abril. O índice se afastou significativamente da linha divisória de 50 pontos, em 38,2 pontos. É o menor índice de toda a série mensal, com início em 2011.
No mês, o índice de Utilização da Capacidade Instalada (UCI) recuou para 23,9 pontos. Valores abaixo de 50 pontos revelam atividade desaquecida. O índice acumula recuo de 21,4 pontos nos últimos três meses e atinge, em abril, novo piso histórico.
O percentual de utilização da capacidade instalada recuou nove pontos percentuais entre março e abril, para 49%. Ou seja, mais da metade da capacidade instalada das empresas está ociosa. O percentual, que já havia recuado 10 pontos percentuais em março, também é o menor da série.
Os estoques, por sua vez, reduziram-se e mantiveram-se no nível planejado pela indústria. A interrupção das vendas resultou numa resposta intensa e imediata na produção, de forma que não houve elevação indesejada de estoques.
A pesquisa mostra, ainda, que a maioria dos índices de expectativas registrou melhora em maio, o que já se esperava em razão da forte queda dos meses anteriores. No entanto, as expectativas continuam particularmente negativas. O índice de expectativa de demanda registrou um crescimento de 3,2 pontos, para 35,1 pontos. Cabe ressaltar que indicadores abaixo de 50 pontos retratam pessimismo do empresariado. Ou seja, a expectativa é de queda na demanda.
Já o índice de expectativa de número de empregados cresceu 2,9 pontos na comparação com abril, para 38,1 pontos, enquanto o de compras de matérias-primas cresceu 1,4 ponto, para 34,7 pontos.
Fonte: Revista Anamaco