Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) mostra que pelo menos um membro de 57,2% das famílias brasileiras teve seu trabalho afetado de alguma forma, em maio, como reflexo da pandemia de coronavírus. Em meados do mês passado, quando saiu o resultado prévio, esse percentual estava em 53,5%. Ao todo, 1.808 consumidores foram consultados entre os dias 02 e 24 de maio.
De acordo com os dados, 45,4% das famílias tiveram membros impedidos de trabalhar em virtude das medidas de isolamento social. Esse percentual ficou em torno de 50% entre as famílias de menor poder aquisitivo, com renda até R$ 2.100. Outra taxa elevada (25,7%) foi a de pessoas que tiveram redução proporcional de salário e jornada de trabalho.
O estudo mostrou, também, que 14,3% tiveram contratos de trabalho suspensos, enquanto que a média de demissões foi de 12,8%, resultado puxado, principalmente, pelas famílias de baixa renda, mais penalizadas pelo desemprego (mais de 20%, ou quase o dobro da média).
De acordo com o levantamento, os resultados do mercado de trabalho, assim como o isolamento social, ainda explicam o elevado percentual das famílias que declararam consumir apenas o essencial (78,3%). A maior elevação de abril para maio, entretanto, se deu entre as famílias com menor poder aquisitivo, saltando de 85,1% para 88,6% as que afirmaram só estarem comprando o essencial.
A pesquisa apontou, ainda, que, em média, 37,9% dos empresários da indústria, construção, serviços e comércio reduziram, proporcionalmente, salário e jornada de trabalho. Das 3.603 empresas consultadas, em média, 33,7% também informaram que haviam suspendido contratos.
As empresas adotaram, ainda, medidas como: decretação de férias coletivas adiantamento de férias individuais e de feriados não religiosos, além de redução de quadro funcional. Como a FGV IBRE tem verificado em seus estudos, apesar de a crise sanitária ter atingido toda a economia, os setores, e os segmentos que fazem parte de cada um deles, têm respondido de maneira diferente à retração na atividade. De acordo com o levantamento, somente 9,3% dos empresários do setor de serviços disseram estar operando normalmente. Seguido por construção (13,4%), comércio (13,7%) e indústria (15,1%), esse último muito puxado pela indústria Farmacêutica (45,9%).
Quando as empresas olham no horizonte à frente, a cautela quanto à retomada é maior entre os empresários da indústria e do comércio - 36% e 34,5% -, respectivamente, esperam que a volta à normalidade se dê em 2021. Nesse quesito, empresários de serviços e da construção parecem um pouco menos pessimistas: a maioria acredita que a retomada se inicie até o final do terceiro trimestre, sendo 32,1% para serviços e 30,0% para a construção.