A carteira total de crédito no País deve crescer 9,4% em 2020 na comparação com o ano anterior. É o que mostra a última edição da Pesquisa Febraban de Economia Bancária realizada entre os dias 23 e 30 de setembro. O resultado mostra revisão das projeções em relação ao levantamento anterior, realizado em agosto, segundo o qual a carteira total deveria crescer 6,3%.
O estudo é feito a cada 45 dias, logo após a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Em setembro, 19 bancos participaram da pesquisa, que tem como objetivo captar as percepções das instituições financeiras sobre a última ata do Copom e as projeções para o desempenho do mercado de crédito para o ano corrente e o próximo.
De acordo com o último levantamento, a melhora na avaliação do cenário é resultado, principalmente, da revisão para cima do desempenho do crédito direcionado, cuja previsão de expansão mais que dobrou, passando de 3,0% (agosto) para 7,1% (setembro). Os bons resultados são fruto, principalmente, do sucesso dos programas de crédito público implementados pelo setor bancário.
Para o crédito livre, as revisões também são positivas, com crescimento esperado passando de 8,6% para 10,7%. Neste segmento, a alta foi puxada tanto pelos empréstimos destinados às empresas quanto às famílias.
Para os clientes Pessoa Jurídica (PJ), a projeção passou de uma alta de 12,3% (na pesquisa de agosto) para 15,7%. Já a projeção para a carteira de crédito destinado aos clientes Pessoa Fisica (PF) também melhorou, de 5,6% para 6,7%. Esse aquecimento é influenciado tanto pela recuperação da atividade econômica quanto pela continuidade da elevada demanda por capital de giro pelas empresas, que vem sendo suprida pelos bancos.
Para 2021, a pesquisa também captou melhora, embora em menor magnitude. O desempenho esperado da carteira de crédito total passou de alta de 7,0% para 7,2%.
O levantamento mostra, ainda, que para a grande maioria dos participantes (94,7%) a taxa básica de juros deve fechar o ano em 2,0% aa. Nenhum dos respondentes acredita que o Copom fará cortes na Selic em sua próxima reunião (27 e 28 de outubro). Apenas 5,3% esperam redução de 0,25 pp na reunião de dezembro.
No geral, os participantes (94,6%) entendem que a recente alta dos preços dos alimentos não deve ser suficiente para pressionar as projeções de inflação em 2021 e alterar condução da política monetária.
Em relação às projeções para o PIB de 2021, metade dos participantes (52,6%) espera crescimento de 3,5%, em linha com o consenso do mercado. Para 26,3%, a redução dos estímulos do governo e um cenário econômico deteriorado deve gerar revisões para baixo do desempenho da atividade econômica. Enquanto 15,8% esperam crescimento superior ao que aponta o mercado, impulsionado pela aprovação de uma vacina contra o novo coronavírus, Selic baixa, demanda reprimida dos consumidores e utilização da poupança formada nos últimos meses.