No início da pandemia, o setor da construção civil como todos os demais setores sofreu um forte impacto no volume de vendas. Porém, o varejo do setor demonstrou forte resiliência e adaptação às novas demandas durante a crise. Ao longo dos últimos cinco anos, o setor aprendeu a conviver com o decréscimo do Produto Interno Bruto (PIB) e a constante crise no segmento tornando-o preparado e criativo para enfrentar novas dificuldades.
Nesse cenário, o indicador Juntos Somos Mais, que apura as vendas de indústrias para o varejo da construção, mostra que, no terceiro trimestre, o setor teve uma performance aproximadamente 30% melhor do que no período pré-Covid. A parcial de outubro indica continuidade no comparativo, com crescimento também de 30%.
Com um ecossistema que reúne mais de 80 mil varejistas, 500 mil profissionais da construção civil em todo Brasil e mais de 20 empresas de serviços e indústrias ligadas à construção civil, a Juntos Somos Mais vem acompanhando o desempenho do setor ao longo dos meses.
No início da pandemia, em abril, a expectativa em relação ao desempenho de vendas para 2020 era muito ruim. Mas, a pesquisa mais recente, realizada em outubro, aponta que 89% acreditam que este ano será de crescimento no faturamento em relação ao ano anterior e 11% que será similar a 2019.
A alta na demanda e a mudança de perspectivas implicaram em desafios de produção para a indústria. O estudo indica que, em outubro, 66% das indústrias disseram ter aumentado a produção, com 44% operando no limite produtivo. Além de restrições de capacidade produtiva, também há dificuldades em se conseguir matérias-primas como embalagens, cobre e outras.
A pesquisa mostra que há vários fatores contribuindo para o desempenho do setor. O primeiro deles está ligado a uma mudança de comportamento do consumidor que, estando mais tempo em casa, tem valorizado mais a sua casa e classificado “pequenas reformas” como um “item importante, não supérfluo”. A taxa de juros nos menores patamares da história conjugada com um déficit habitacional que cresceu de 2012 a 2017 (último dado disponível) também têm motivado a demanda por obras e reformas.
Entretanto, a partir de análise de dados internos e também indicadores como a Pesquisa Mensal de Comércio e a Pesquisa Mensal Industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dados do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip) e Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), a área de Inteligência da Juntos Somos Mais concluiu que o auxílio emergencial foi responsável por 75% do crescimento. “O setor deve continuar se beneficiando do aporte gerado pelo auxílio emergencial. Estimamos que por volta de 17,3% do faturamento do setor entre maio e agosto de 2020 tenha vindo desta fonte”, comenta Ivan Ormenesse, responsável pela área na Juntos Somos Mais.
O fim do auxílio emergencial, entretanto, traz incertezas sobre cenários de crescimento no próximo ano. Ainda assim, 89% das indústrias pesquisadas esperam aumento de faturamento em 2021, sendo que 33% esperam crescimento acima de 10%. A falta de material, entretanto, não deve se repetir na mesma escala atual, já que a expectativa das indústrias pesquisadas é que 78% conseguirão atender a demanda. “A construção civil é uma indústria que depende das expectativas futuras para projetar seu crescimento. Nos últimos anos o setor sofreu com queda de PIB e aos poucos aprendeu a viver na crise”, explica Antonio Serrano, CEO da Juntos Somos Mais.