O indicador Juntos Somos Mais, que apura as vendas de indústrias para o varejo da construção, mostra que, no acumulado de 2020 até novembro, o setor teve uma performance 22% melhor do que no período pré-Covid-19. Em novembro, o resultado foi 48% superior ao registrado no período anterior.
Com um ecossistema que reúne mais de 85 mil varejistas, 500 mil profissionais da construção civil em todo Brasil e mais de 25 empresas de serviços e indústrias ligadas ao setor, a Juntos Somos Mais vem acompanhando o desempenho do segmento ao longo dos últimos meses.
De acordo com a entidade, no início da pandemia, em abril, a expectativa em relação ao desempenho de vendas para 2020 era muito ruim. Pesquisa realizada no dia 17 daquele mês, com representantes das indústrias da construção civil, indicou que apenas 11% acreditavam que o ano teria um faturamento superior a 2019, outros 11% que seria similar, enquanto 22% disseram que a queda seria de até 10%. Outros 56% calculavam que a retração seria entre 10% e 30%.
A pesquisa mais recente, realizada em dezembro, aponta que 89% acreditam que 2020 será de crescimento no faturamento versus o ano anterior e 11% que será similar a 2019.
O estudo destaca que há vários fatores contribuindo para o desempenho positivo do segmento. O primeiro deles está ligado a uma mudança de comportamento do consumidor que, estando mais tempo em casa, tem valorizado mais a sua casa e classificado "pequenas reformas" como um "item importante, não supérfluo". A taxa de juros nos menores patamares da história conjugada com um déficit habitacional que cresceu de 2012 a 2017 (último dado disponível) também têm motivado a demanda por obras e reformas. Entretanto, a partir de análise de dados internos e indicadores externos, a área de Inteligência da Juntos Somos Mais concluiu que o auxílio emergencial foi responsável por 75% do crescimento.
Dessa forma, o fim do auxílio traz incertezas sobre cenários de crescimento no próximo ano. Ainda assim, 100% das indústrias pesquisadas esperam aumento de faturamento em 2021, sendo que 67% esperam crescimento acima de 10%. "Apesar de muitas incertezas sobre este ano, a mudança de comportamento do consumidor em relação à sua casa, taxas de juros em patamares historicamente baixos e o alto déficit habitacional no Brasil devem estimular significativamente a demanda por obras e reformas", explica Antonio Serrano, CEO da Juntos Somos Mais.
Serrano observa, ainda, que movimentos do governo, como o marco legal do saneamento e o lançamento da Casa Verde e Amarela são combustíveis adicionais para a demanda.
Por outro lado, o executivo ressalta que o fim do auxílio emergencial, maior desemprego e a macroeconomia podem prejudicar as expectativas reduzindo investimentos. "Devemos estar preparados para diversos cenários este ano e vamos trabalhar para que a construção civil contribua para o crescimento do Brasil", finaliza Serrano.